Brasil

Organizações sociais querem estimular inovação para ampliar rede de saneamento básico no Brasil

O Brasil tem mais de 100 milhões de pessoas que vivem sem acesso à coleta de esgoto e 35 milhões de habitantes não têm água tratada. Os dados são do Sistema Nacional de Saneamento (Snis).

O país ocupa a 103ª posição em ranking de saneamento, mesmo sendo a 9ª economia mundial. O tema ganhou evidência na última semana por conta do dia Mundial do Banheiro, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para chamar atenção para o problema.

Segundo Renata Ruggiero Moraes, diretora-presidente do Instituto Iguá de Sustentabilidade – que tem como missão contribuir para a universalização do saneamento no Brasil – o Terceiro Setor tem atuado para melhorar este ambiente essencial para o desenvolvimento econômico e social do país.

Criança caminha ao lado de um córrego poluído no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro
(Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil/via Fotos Públicas)

“Temos realizado pilotos, cases em comunidades, testando soluções inovadoras, acessíveis e sustentável, assim como modelos de engajamento e participação comunitária”, conta Moraes em comunicado à imprensa. “Com bons resultados práticos, é possível sistematizar essas experiências e contribuir a formulação de políticas públicas eficazes”.

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A gestão de saneamento básico é feita pelos municípios e, de acordo com Moraes, muitos deles sequer possuem plano de saneamento básico. “A maior parte é composta por cidades pequenas, cujos prefeitos não estão preparados, e não é culpa deles, é o contexto de educação, de conhecimento”.

Para se ter uma ideia, pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil indica que a falta de saneamento básico sobrecarregou o Sistema de Saúde com 273.403 internações por doenças de veiculação hídrica em 2019 – aumento de 30 mil hospitalizações ao comparar os índices do ano anterior. Foram 13,01 casos a cada 10 mil habitantes e uma despesa de R$ 108 milhões, segundo o DataSus.

No mesmo ano, o crescimento em investimentos em saneamento básico foi de 18,8%. Saindo dos R$ 13,2 bilhões em 2018 para R$ 15,7 bilhões.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que a cada R$ 1 investido em saneamento básico, há uma economia de R$ 4 em saúde.

“Isso nos mostra que, mais do que necessário, é um investimento que se viabiliza totalmente, porém, infelizmente, do ponto de vista de alguns é inviável porque não dá voto. É algo enterrado, de longo prazo e um impacto que não é tão visível diretamente”.

Em 2020, o Instituto Iguá e a Climate Ventures, junto com um grupo de investidores sociais comprometidos com a causa, lançaram um fundo de Venture Philanthropy chamado “Ipu – Water & Sanitation Venture Philanthropy”, que é a primeira iniciativa de Venture Philanthropy no Brasil ligada à causa da água e do saneamento.

“Busca fomentar o ecossistema de impacto socioambiental no Brasil, apoiando startups e/ou organizações sociais por meio de doações e/ou capital paciente e de uma aceleração customizada, de acordo com os principais desafios de cada organização. Pretendemos usar mecanismos inovadores para promover mudanças significativas no setor. É o negócio para impacto e não o negócio com impacto”, afirma Renata.

O conceito de Venture Philanthropy originalmente disseminado pelo IVPC (International Venture Philanthropy Center) ainda é recente no Brasil, mas já vem sendo praticado há cerca de uma década, principalmente na Ásia e na Europa. O termo refere-se ao fomento de negócios de impacto e/ou organizações da sociedade civil, visando promover a sustentabilidade financeira dos projetos apoiados e o impacto socioambiental crescente no médio e longo prazo.

Sobre o Instituto Iguá

O Instituto Iguá de Sustentabilidade nasceu da intenção da Iguá Saneamento, empresa investida da IG4 Capital, em fazer a diferença no setor, promovendo a ampliação do impacto social dessa atividade. Para isso, assumiu uma missão ambiciosa: contribuir para a universalização do saneamento no Brasil, por meio da inovação no setor e da educação para o desenvolvimento sustentável. A entidade compreende que atuar no saneamento vai muito além de tratar e fornecer água ou coletar e tratar o esgoto. Significa levar dignidade, saúde e perspectiva de futuro para milhares de brasileiros. O Instituto Iguá é uma associação sem fins lucrativos, de direito privado, que nasceu de forma independente e atua de forma multissetorial, reunindo esforços de diversas empresas e organizações para a causa do saneamento.

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