EUA criticam Bolsonaro por “solidariedade” com a Rússia
Os Estados Unidos criticaram nesta quinta-feira (17/02) a declaração de “solidariedade” à Rússia do presidente Jair Bolsonaro durante encontro nesta semana com o presidente russo, Vladimir Putin, em momento em que Moscou acumula tropas nas fronteiras com a Ucrânia, provocando preocupações de uma invasão.
“O momento em que o presidente do Brasil se solidarizou com a Rússia, enquanto as forças russas estão se preparando para potencialmente lançar ataques a cidades ucranianas, não poderia ter sido pior”, afirmou, em nota, o Departamento de Estado americano.
“Isso mina a diplomacia internacional destinada a evitar um desastre estratégico e humanitário, bem como os próprios apelos do Brasil por uma solução pacífica para a crise”, prosseguiu o texto, distribuído a diversos meios de comunicação.
“Brasil parece ignorar agressão”
“Vemos uma narrativa falsa de que nosso engajamento com o Brasil em relação à Rússia envolve pedir ao Brasil que escolha entre os Estados Unidos e a Rússia. Esse não é o caso. A questão é que o Brasil, como um país importante, parece ignorar a agressão armada por uma grande potência contra um vizinho menor, uma postura inconsistente com sua ênfase histórica na paz e na diplomacia”, afirma o comunicado de um porta-voz do Departamento de Estado.
Nesta quarta-feira, Bolsonaro se reuniu com Putin em Moscou. Momentos antes da reunião a portas fechadas, ele disse, ao lado do líder russo, ser solidário com a Rússia, sem especificar se se referia ao conflito com a Ucrânia.
Após a reunião, o presidente brasileiro adotou um discurso em defesa da paz. Disse ser solidário com “todos aqueles países que querem e se empenham pela paz”. “Pregamos a paz e respeitamos todos aqueles que agem dessa maneira”, afirmou.
“Mensagem errada”
Em meio à tensão na Ucrânia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou duas vezes com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França. Nas conversas, eles falaram sobre a visita de Bolsonaro a Moscou. Na avaliação de Washington, uma foto de Bolsonaro com Putin poderia enviar uma mensagem errada, mas o governo americano não pediu para que a visita a Moscou fosse cancelada.
O posicionamento brasileiro face à atual crise envolvendo a Ucrânia ganha certa importância porque o país ocupa um assento rotativo do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil também tem o status de aliado militar extra-Otan dos EUA, concedido ao país ainda durante o governo de Donald Trump.
Em 2021, já na gestão Biden, os Estados Unidos disseram apoiar que o Brasil se torne parceiro global da Otan. A medida poderia aumentar o acesso dos militares brasileiros a armamentos e treinamentos da aliança militar.
md/ek (Reuters, ots)