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Ataque a teatro na Ucrânia matou cerca de 300 pessoas

O ataque russo contra um teatro em Mariupol, na Ucrânia, deixou cerca de 300 mortos, informou nesta sexta-feira (25/03) o Conselho Municipal da cidade, por meio de mensagem divulgada no Telegram. O bombardeio ocorreu no dia 16 de março.

“Há informações de testemunhas presenciais de que morreram em torno de 300 pessoas no Teatro do Drama, em Mariupol, como resultado do bombardeio russo”, disseram nesta sexta as autoridades de Mariupol.

“Queríamos acreditar, até o fim, que todo mundo conseguiu se salvar. Mas, as palavras dos que estavam dentro do edifício no momento do ataque terrorista dizem o contrário”.

Cerca de 130 pessoas foram resgatadas com vida do refúgio antiaéreo construído sob o teatro da cidade portuária, segundo informou na semana passada a comissária de Direitos Humanos do parlamento ucraniano, Liudmyla Denisova.

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De acordo com as autoridades da Ucrânia, o abrigo servia como refúgio para entre 1 mil e 2 mil pessoas, mas ainda não é possível determinar quantas pessoas ocupavam o local no momento do bombardeio. Dos dois lados do prédio, no chão, havia sido escrito em letras grandes e no idioma russo a palavra “crianças”, para alertar pilotos russos de que se tratava de um alvo civil. 

O ministro dos Relaões Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, considerou o bombardeio como “outro horrível crime de guerra” cometido pela Rússia.

Já o Ministério da Defesa russo negou o ataque e, sem mostrar provas, atribuiu a destruição do teatro ao Batalhão Azov, um grupo ultranacionalista ucraniano. Segundo Moscou, teria sido uma operação clandestina para culpar os russos.

Catástrofe humanitária

As tropas russas controlam parte de Mariupol, que foi arrasada pelos combates e onde seguem sitiados cerca de 100 mil habitantes, sem água, energia elétrica e itens básicos como alimentos ou medicamentos.

Mariupol é uma cidade portuária ucraniana na costa do mar de Azov. É estrategicamente importante, pois fica localizada entre a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e a região separatista pró-Moscou do Donbass. Antes da invasão russa, cerca de 450 mil pessoas viviam na cidade, entre elas vários de origem grega.

Imagem aérea mostra teatro bombardeado por russos antes do ataque.
Teatro atingido por bombardeio russo antes do ataque (Reprodução)

Mariupol foi palco de cenas avassaladoras da guerra, como um bombardeio a uma maternidade e um ataque a uma escola. A ONG Human Rights Watch (HRW) descreveu ao jornal britânico The Guardian a situação na cidade como uma “paisagem infernal congelante repleta de cadáveres e prédios destruídos”.

Num comunicado divulgado nesta segunda-feira, a organização lembrou que as autoridades locais estimam em 3 mil o número de mortos na cidade, que teria 80% dos edifícios destruídos. As cifras não foram verificadas de forma independente. 

“Residentes que escaparam [de Mariupol] disseram que hospitais, escolas, lojas e inúmeras casas foram danificadas ou destruídas por bombardeios. Muitos disseram que os seus familiares e vizinhos sofreram ferimentos sérios ou fatais, de fragmentos de explosivos”, diz o texto da HRW.

“Não resta mais nada”, diz Zelenski

Nesta terça-feira, após semanas de bombardeios pelas forças russas, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse, em discurso ao Parlamento italiano, que “não resta mais nada” de Mariupol e voltou a apelar à Rússia que permita a saída de dezenas de milhares de pessoas que ainda permanecem na cidade.

Nesta quinta-feira, cerca de 2,7 mil pessoas conseguiram deixar a cidade utilizando veículos privados. No entanto, um comboio com ajuda humanitária foi impedido de chegar a Mariupol pelo terceiro dia consecutivo. 

As autoridades locais informaram que ao menos 6 mil habitantes da cidade foram deportados à força para a Rússia e tiveram seus documentos confiscados.

ONU: 13 milhões de pessoas retidas em áreas de conflito

Cerca de 13 milhões de pessoas estão retidas em áreas afetadas pelo conflito na Ucrânia e sem meios para fugir devido, entre outras coisas, à destruição de estradas e pontes, informou a ONU nesta sexta-feira.

As pessoas “não podem sair de onde estão devido à destruição de estradas ou à falta de informações sobre onde encontrar segurança e alojamento”, explicou a representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) na Ucrânia, Karolina Lindholm, numa videoconferência realizada a partir de Lviv.

A incapacidade de milhões de pessoas de fugir do conflito é uma das questões que levam o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos a acreditar que o direito internacional humanitário foi violado na Ucrânia e que foram cometidos crimes de guerra.

Os milhões de pessoas retidas em áreas afetadas, o elevado número de vítimas civis e a extensão dos danos a infraestruturas civis “sugere fortemente a violação do direito internacional humanitário em ataques indiscriminados”, defendeu a líder da missão da ONU para os Direitos Humanos na Ucrânia, Matilda Bogner.

le (Lusa, EFE, ots)

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