Lula é alvo de pedido de impeachment por comparar Israel a nazistas
Parlamentares alegam que declaração de Lula, que comparou ação de Israel em Gaza ao genocídio de judeus, expõe Brasil ao perigo de guerra e configura crime de responsabilidade
Um grupo de deputados federais de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou neste domingo (18) que vai protocolar um pedido de impeachment contra o chefe do Executivo, por conta de uma declaração feita durante uma visita oficial à Etiópia, na qual ele comparou a ação militar de Israel na Faixa de Gaza ao genocídio de judeus promovido por Adolf Hitler na Alemanha nazista. Os parlamentares alegam que a fala de Lula é vergonhosa, grave e configura crime de responsabilidade.
Lula fez a declaração na última sexta-feira (16), depois de participar de uma cúpula da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. O presidente brasileiro criticou a postura de Israel na região, que considerou desproporcional e desumana, e disse que o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. “Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula.
A comparação feita por Lula gerou indignação e repúdio em Israel, que chamou a fala de abominável e disse que o presidente brasileiro cruzou uma linha vermelha. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a declaração de Lula banaliza o Holocausto e tenta prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Netanyahu disse ainda que determinou a convocação do embaixador brasileiro em Israel para uma dura conversa de reprimenda.
A fala de Lula também causou reação de entidades judaicas no Brasil e no mundo, que divulgaram notas de repúdio à comparação e pediram que o presidente se retratasse. As entidades disseram que a declaração de Lula é uma distorção perversa da realidade, e que Israel tem o direito de se defender dos ataques do grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza e que é considerado terrorista por vários países.
Diante da repercussão negativa, os deputados de oposição decidiram apresentar um pedido de impeachment contra Lula, alegando que ele cometeu crime de responsabilidade por “ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”, conforme consta no Artigo 5º da Constituição. O pedido já tem a assinatura de 40 parlamentares, a maioria do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A ideia para abertura do pedido de impeachment é da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que disse que não se pode comparar o incomparável. “Nada se compara à maior tragédia da humanidade, que foi o Holocausto e que vitimou 6 milhões de judeus, além de diversas minorias. É injustificável, leviana e absurda a afirmação do presidente da República. É uma afronta aos judeus, aos descendentes do horror do nazismo e algo que só fomenta o crescimento do antissemitismo no Brasil”, disse a parlamentar.
O pedido de impeachment será protocolado na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (19), e dependerá da análise do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para ter andamento. Lira é aliado do governo e já arquivou outros pedidos de impeachment contra Lula. O presidente da República não se pronunciou oficialmente sobre o assunto até o momento.