Reino Unido proíbe viagens do Brasil devido à nova variante
O Reino Unido anunciou nesta quinta-feira (14/01) que proibirá, a partir de sexta-feira, a entrada de viajantes do Brasil e de outros países da América do Sul, além de Portugal, devido a preocupações com uma nova variante do coronavírus originária do Amazonas.
“Tomei a decisão urgente de proibir chegadas de Argentina, Brasil, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela – a partir de amanhã, 15 de janeiro, às 4h da manhã, após evidências de uma nova variante no Brasil”, disse o ministro dos Transportes britânico, Grant Shapps.
Em postagens no Twitter, ele acrescentou que viagens de Portugal ao Reino Unido também serão suspensas “devido às suas fortes ligações de viagem com o Brasil”. O país continuará permitindo, porém, o transporte de mercadorias essenciais a partir de Portugal.
Segundo Shapps, a medida não se aplicará a cidadãos britânicos e irlandeses ou cidadãos de outros países que tenham permissão de residência no Reino Unido. Contudo, passageiros que retornarem desses países deverão fazer quarentena de dez dias após sua chegada.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já havia antecipado que o país “estava preocupado” com a nova variante brasileira e preparava medidas para impedir que a cepa entrasse no país europeu, que já é atingido por outra variante mais contagiosa.
Falando em uma sessão parlamentar, Johnson afirmou que “ainda há muitas questões” em aberto sobre a cepa do Amazonas, incluindo se ela é resistente às vacinas contra a covid-19.
Em dezembro, depois que o Reino Unido anunciou a existência de uma nova cepa significativamente mais contagiosa, vários países impuseram proibições de voos vindos do país, incluindo o Brasil. A medida, contudo, não foi suficiente para impedir que a variante se espalhasse. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa britânica já chegou a 50 países e territórios.
Variante amazonense
A variante brasileira foi anunciada pelo governo japonês no último domingo, após ter sido identificada em quatro passageiros que estiveram no Amazonas e desembarcaram no aeroporto internacional de Tóquio em 2 de janeiro.
Entre os infectados, um homem na faixa de 40 anos foi hospitalizado com dificuldade para respirar, uma mulher em torno dos 30 anos teve dores de cabeça e garganta, enquanto um garoto com menos de 18 anos desenvolveu febre. A quarta passageira, uma menina também menor de idade, não apresentou sintoma.
Na terça-feira, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou a identificação e a circulação da nova cepa originária do Amazonas. Segundo o escritório da Fiocruz no estado, as amostras registradas podem ter evoluído de uma linhagem viral que circula na região desde abril de 2020.
Na quarta-feira, o Amazonas confirmou o primeiro caso de reinfecção pelo coronavírus no estado, causada justamente pela nova variante. A paciente é uma mulher de 30 anos residente em Manaus que já se recuperou da doença, segundo autoridades amazonenses.
A nova cepa é diferente das identificadas no Reino Unido e na África do Sul, que são mais contagiosas e já estão se espalhando por outros países.
Contudo, a variante brasileira possui 12 mutações, sendo três delas iguais a mutações encontradas nas variantes britânica e sul-africana, “que podem impactar a transmissibilidade e a resposta imune do hospedeiro”, informou a Organização Mundial da Saúde.
A entidade disse que foi notificada pelo Japão sobre a nova variante em 9 de janeiro. Ela chamou a cepa de “preocupante” e observou que mais análises são necessárias.
“Quanto mais o vírus Sars-Cov-2 se espalha, mais oportunidades ele tem de mutar. Altos níveis de transmissão significam que devemos esperar o surgimento de mais variantes”, declarou a organização na quarta-feira.
O Amazonas, duramente atingido pela primeira onda de covid-19 no ano passado, enfrenta atualmente uma segunda onda alarmante, com uma nova explosão de infecções, superlotação de cemitérios e o sistema de saúde vivendo um novo colapso.
A taxa de mortalidade por grupo de 100 mil habitantes no estado é atualmente de 141,8 – a terceira mais alta do país, ficando atrás somente do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.
Por Deutsche Welle
EK/afp/dpa/rtr/ots