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Rússia compra foguetes e munições da Coreia do Norte, diz inteligência dos EUA

A Rússia está comprando milhões de foguetes e projéteis de artilharia de Coreia do Norte para utilizar na invasão da Ucrânia, de acordo com fontes da inteligência americana citadas em reportagem publicada nesta segunda-feira (06/09) pelo jornal The New York Times.

Segundo informações recentemente divulgadas pelos serviços americanos de inteligência, as sanções do Ocidente estão dificultando o acesso de Moscou aos mercados de armamento, obrigando a Rússia a “recorrer a ‘Estados párias’ para se abastecer” de material militar indispensável para a campanha em território ucraniano.

Isso indicaria que “os militares russos continuam a sofrer na Ucrânia uma escassez severa de fornecimento, devido parcialmente aos controles de exportação e às sanções”.

A notícia foi publicada poucos dias depois de o governo do presidente Joe Biden ter confirmado que a Rússia recebeu os primeiros carregamentos de drones de fabricação iraniana, comprados em agosto, alguns dos quais com problemas mecânicos, de acordo com Washington.

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O New York Times reportou que funcionários do governo americano acreditam que a decisão da Rússia de recorrer ao Irã e mais recentemente à Coreia do Norte é um sinal de que as restrições impostas às exportações estão afetando a capacidade de Moscou para obter material bélico.

A publicação frisa que ainda não há informações sobre a quantidade das remessas e que os primeiros dados sobre os negócios com a Coreia do Norte ainda não foram confirmados por fontes independentes.

Mesmo assim, um funcionário da administração dos Estados Unidos disse que, além dos foguetes de artilharia de curto alcance e munições, é possível que a Rússia tente comprar da Coreia do Norte “equipamento adicional” no futuro.

“O Kremlin deveria sentir-se alarmado por ter de comprar seja o que for da Coreia do Norte”, disse Mason Clark, que dirige a seção Rússia no Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank americano.

Cooperação

A Coreia do Norte tem procurado estreitar relações com a Rússia, enquanto Europa e o Ocidente se afastaram do país, culpando os Estados Unidos pela crise da Ucrânia e condenando a “política hegemônica” do Ocidente, justificando a ação militar da Rússia na Ucrânia como um meio de proteção russo.

Os norte-coreanos afirmaram ter interesse em enviar trabalhadores para ajudar a reconstruir os territórios ocupados pela Rússia no leste ucraniano. O embaixador da Coreia do Norte em Moscou se reuniu recentemente com enviados dos dois territórios separatistas apoiados pela Rússia na região ucraniana do Donbass e expressou otimismo sobre a cooperação no “campo de migração laboral”.

Em julho, a Coreia do Norte tornou-se a única nação, além de Rússia e Síria, a reconhecer a independência dos territórios de Donetsk e Lugansk, alinhando-se ainda mais a Moscou em relação ao conflito na Ucrânia.

A exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação das resoluções da ONU que proíbem o país de exportar ou importar armas de outros países. O possível envio de trabalhadores para os territórios controlados pelos russos na Ucrânia também violariam uma resolução da ONU exigindo que Estados-membros repatriassem todos os trabalhadores norte-coreanos de seu território até 2019.

Há suspeitas de que a China e a Rússia não têm implementado completamente as sanções da ONU impostas à Coreia do Norte, dificultando os esforços liderados pelo governo dos EUA para tentar privar a Coreia do Norte de suas armas nucleares.

Mais de 30 testes em 2022

As notícias sobre os negócios bélicos da Coreia do Norte com a Rússia chegam no momento em que a administração Biden se preocupa cada vez mais com a intensificação das atividades da Coreia do Norte rumo à obtenção de armas nucleares.

A Coreia do Norte testou mais de 30 mísseis balísticos neste ano, incluindo seus primeiros lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais desde 2017, enquanto o líder Kim Jong-un pressiona para avançar seu arsenal nuclear, apesar da pressão e das sanções lideradas pelos EUA.

O presidente russo, Vladimir Putin, e Kim trocaram recentemente correspondência em que ambos se dizem a favor de uma cooperação “abrangente”, “estratégica e tática” entre os dois países.

Moscou, por sua vez, emitiu declarações condenando o renascimento do exercícios militares conjuntos em larga escala de Estados Unidos e a Coreia do Sul este ano, que a Coreia do Norte considera como um ensaio de invasão.

A Rússia, junto com a China, pediu a flexibilização das sanções da ONU impostas à Coreia do Norte por causa de seus testes nucleares e de mísseis.

Ambos os países são membros do Conselho de Segurança da  ONU, que aprovou um total de 11 rodadas de sanções contra Pyongyang desde 2006.

Em maio, Rússia e China vetaram uma proposta liderada pelos EUA para impor novas sanções à Coreia do Norte por causa de seus testes de mísseis deste ano.

Alguns especialistas dizem que provavelmente Kim pode ter reforçado sua decisão de manter suas armas nucleares por pensar que o ataque russo aconteceu justamente porque a Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear.

md/lf (AP, Reuters, Lusa)

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