Tráfego de IPTV pirata cresce em meio à pandemia
Com tanta gente em isolamento social ou quarentena, os acessos a serviços como Netflix e Amazon Prime Video dispararam. Mas não exclusivamente: provedores de internet apontam que o uso de IPTV para “sky gato” também aumentou. Nas redes de muitas dessas empresas, serviços piratas já respondem por cerca de 30% do tráfego.
Até um passado não muito distante, o “sky gato” correspondia quase que totalmente à decodificação ilegal de serviços de TV paga transmitidos por antenas. Com o avanço da banda larga, a adesão ao IPTV pirata — quando canais pagos de TV são transmitidos pela internet sem autorização — tem sido cada vez maior.
Quanto? Ainda não está claro. Mas uma sondagem feita pela Folha de S.Paulo com pequenos provedores de internet aponta que, em média, 30% do tráfego atual das redes dessas empresas correspondem ao IPTV pirata, como já dito.
Essa porcentagem gera um alerta no cenário atual. É claro que o fator pirataria é um problema que deve ser considerado, mas, em uma época em que muita gente fica em casa, a principal preocupação está na possibilidade de o tráfego de IPTV congestionar redes.
Plataformas como Netflix conseguem lidar com o aumento da demanda por meio de CDNs e diminuição deliberada do bitrate nas transmissões, por exemplo.
No IPTV ilegal existe pouca ou nenhuma preocupação com o risco de gargalos na rede. Frequentemente, links do tipo têm origem em servidores de países da Europa, Ásia ou África cujas regras, por serem mais brandas, dificultam a desativação de serviços ilegais.
O conteúdo precisa, então, passar por diversas estruturas e pontos de interconexão até chegar ao usuário. Se o tráfego oriundo dessas fontes for muito alto, o risco de congestionamento nas redes aumenta, consequentemente.
Apesar disso, provedores têm conseguido prestar seus serviços, ainda que com um gargalo ou outro. Há relatos de lentidão e instabilidades nas redes de determinados provedores, mas esses problemas não são generalizados.
A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) afirma não ter dados claros sobre a dimensão do “sky gato” no Brasil. A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) estima, porém, que cerca de 4,5 milhões de brasileiros acessam canais pagos de maneira indevida.