Política

Veja os nomes envolvidos no caso das joias

Desde que veio à tona no início deste mês, o caso envolvendo joias apreendidas pela Receita Federal (RF) em outubro de 2021, na volta de uma viagem de uma comitiva do governo Bolsonaro à Arábia Saudita, ganha contornos cada vez mais curiosos.

Inicialmente, os itens avaliados em R$ 16,5 milhões foram identificados como um presente do governo saudita à então primeira-dama Michelle Bolsonaro, que negou ter conhecimento da cortesia.

Itens apreendidos seriam de Jair Bolsonaro

A revelação do episódio, porém, levou o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a enviar um ofício à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (06/03) para apurar suspeitas de crime em uma série de tentativas frustradas do governo Bolsonaro em reaver as joias.

À medida que os detalhes do escândalo vêm à tona, mais personagens envolvidos vêm à tona. Veja quem são os principais nomes.

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Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama

Michelle Bolsonaro ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (Marcos Corrêa/PR)

A ex-primeira-dama afirmou que não sabia do suposto presente e chegou a fazer piada nas redes sociais sobre as joias. Em sua primeira reação pública, Michelle disse: “Quer dizer que, ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo ? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein ?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa vexatória.”

Marcos André Soeiro, militar que levava as joias

Foi na mochila de Marcos André Soeiro, na época assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Alburquerque, que as joias foram encontradas.

Segundo o documento da RF sobre o ocorrido no aeroporto de Guarulhos, o militar da comitiva de Bolsonaro disse não ter nada a declarar, mas, ao passar pela alfândega e ser solicitado por um fiscal a colocar sua mochila no raio-x, “observou-se a provável existência de joias”. A bagagem foi então revistada, e os agentes encontraram um estojo com um par de brincos, um anel, um colar e um relógio com diamantes da marca suíça Chopard. Os objetos foram apreendidos.

De acordo com o documento, o militar informou o ocorrido ao então ministro de Minas e Energia Bento Alburquerque.

Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia

Bento Albuquerque, ex-ministro de Estado de Minas e Energia, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (Isaac Nóbrega/PR)

Em uma primeira tentativa de liberar as peças, Bento Albuquerque alegou se tratarem de um presente para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Um ofício do gabinete do ex-ministro, ainda de 2021, pedia a liberação dos “presentes retidos”, justificando ser “necessário e imprescindível que seja dado ao acervo o destino legal adequado”.

Ao jornal Folha de S.Paulo, porém, o ex-ministro negou que sua equipe teria tentado trazer presentes caros para Michelle e que ele próprio teria tentado reaver as peças.

“Eu já tinha passado pela imigração e pela alfândega [em Guarulhos] quando fui chamado de volta porque abriram a mala do Soeiro e descobriram as joias. Não sabíamos do conteúdo. Achávamos que eram presentes convencionais, não joias”, afirmou.

Posteriormente, a assessoria de Bento Albuquerque afirmou que as joias seriam “presentes institucionais destinados à representação brasileira integrada por Comitiva do Ministério de Minas e Energia – portanto, ao Estado brasileiro”, e que, em decorrência, “o Ministério de Minas e Energia adotaria as medidas cabíveis para o correto e legal encaminhamento do acervo recebido”.

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social

Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Alan Santos/PR)

Após a revelação do caso, o ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social Fabio Wajngarten tentou justificar o caso através de um documento divulgado nas redes sociais onde o governo Bolsonaro, ainda em 2021, alegava que as joias seriam analisadas para incorporação “ao acervo privado do Presidente da República ou ao acervo público da Presidência da República”.

“No termo de apreensão dos bens (presentes presidenciais) constam jóias e uma miniatura de um cavalo”, tuitou Wajngarten no dia 4 de março. “As joias estavam numa caixa selada que só foi aberta pela receita no aeroporto. Ninguém sabia o que tinha dentro.”

Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, fardado, no canto superior direito da foto
(Isac Nóbrega/PR)

Poucos dias antes do fim do governo Bolsonaro, em 28 de dezembro de 2022, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens do ex-presidente, emitiu um ofício com o brasão da República para pedir a liberação das joias apreendidas em Guarulhos.

No documento, obtido nesta quinta-feira (09/03) pela GloboNews, Mauro Cid dizia que o estojo que continha os itens estaria no “acervo privado” de Bolsonaro.

Após envio do ofício e aconselhado por amigos, Mauro Cid teria optado por repassar a missão de recuperar as joias a seu auxiliar, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, que foi então pessoalmente a Guarulhos no dia seguinte.

Sargento Jairo Moreira da Silva

Jairo Moreira da Silva, militar da Marinha (TV Globo/via G1)

No dia 29 de dezembro, antepenúltimo dia do governo Bolsonaro, o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, auxiliar de Mauro Cid, foi enviado a Guarulhos num avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para tentar, sem sucesso, recuperar as peças, argumentando que elas não podiam ficar retidas devido à iminente mudança de governo.

Em imagens de vídeo obtidas pelo G1, o sargento é flagrado tentando coagir o fiscal da Receita a liberar as joias: “Não pode ter nada do [governo] antigo para o próximo. Tem que tirar tudo e levar”, disse Moreira da Silva ao funcionário da Receita.

Marco Antônio Lopes Santanna, agente da Receita

Marco Antônio Lopes Santanna foi o servidor da Receita Federal que negou a liberação das joias ao sargento Jairo Moreira Silva.

O funcionário da alfândega não entregou o material, argumentando que não podia entregar os itens sem a devida documentação.

Ele disse a Jairo que não tinha nenhuma informação sobre a liberação das joias e que não iria entregar nada.

Lopes Santanna resistiu à pressão para entregar o material se recusando, inclusive, a atender telefonema do então chefe da Receita, que ligou no celular de Julio Cesar no momento em que o militar tentava convencer Marco Antônio, sem sucesso.

Julio Cesar Vieira Gomes, ex-chefe da Receita Federal

Segundo o jornal Folha de São Paulo, em dezembro do ano passado, Bolsonaro também teria conversado por telefone como então chefe da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes sobre a liberação das joias.

Gomes teria pressionado os servidores de Guarulhos para liberarem a entrega das peças ao ex-presidente. Ele teria inclusive participado da elaboração do ofício emitido por Mauro Cid em 28 de dezembro, orientando o ajudante de ordens sobre como redigir o texto endereçado a ele mesmo no intuito de liberar as joias apreendidas.

Em 30 de dezembro, um dia depois de Julio Cesar ter agido para tentar liberar ilegalmente as joias, o ex-chefe da Receita Federal foi nomeado como adido do órgão em Paris pelo governo Bolsonaro. A nomeação, entretanto, foi cancelada pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Jair Bolsonaro, ex-presidente

Jair Bolsonaro, de terno escuro e gravata azul, fala ao microfone enquanto outros homens de terno e gravata ao fundo acompanham.
Jair Bolsonaro, ex-Presidente da República (Isac Nóbrega/PR)

Inicialmente, o ex-presidente negou ter conhecimento dos presentes. Posteriormente, no entanto, após a revelação do recebimento de um segundo pacote com joias, Bolsonaro confirmou que as peças –  relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário islâmico – foram incorporadas ao acervo pessoal dele.

Em declaração à CNN, o ex-presidente disse ainda que não houve ilegalidades no caso e que teria seguido a lei em relação aos presentes sauditas.

Há registros de que Jair Bolsonaro tentou liberar as peças apreendidas através do Ministério das Relações Exteriores, da Economia e de Minas e Energia, além de seu próprio gabinete presidencial..

ip/md (ots)

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