Política

China repudia declarações de Eduardo Bolsonaro sobre 5G

(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil)

O governo da China protestou nesta terça-feira (24/11) contra comentários feitos pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, no Twitter.

Eduardo, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, acusou o país asiático de espionagem por meio da tecnologia 5G, que é o futuro padrão da telefonia móvel. Ele acrescentou que o Brasil apoia um projeto do EUA para o 5G, que exclui a China.

A embaixada da China no Brasil afirmou que as declarações de Eduardo são infundadas e difamatórias e “se prestam a seguir os ditames dos EUA”. Acrescentou que os comentários do filho do presidente “não são condignos com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados”.

“Isso é totalmente inaceitável e manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio”, afirmou.

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A embaixada ainda insinuou retaliações, ao afirmar que a China vem sendo o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos consecutivos e também um dos com mais investimentos no país.

Segundo a embaixada, declarações de Eduardo Bolsonaro e outras personalidades “solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, afirmando que pode haver “consequências negativas”.

“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, diz a nota.

Depois de fazer as afirmações pelo Twitter, o deputado voltou atrás e apagou a postagem.

Eduardo Bolsonaro é um admirador do presidente Donald Trump e nunca escondeu sua preferência por um alinhamento do Brasil à política externa dos EUA.

Polêmica iniciada por Trump

Trump pressiona parceiros dos Estados Unidos a não usarem a tecnologia 5G da empresa chinesa Huawei, uma das líderes no setor, a afirma que ela é usada pelo governo chinês para espionagem.

No dia 10 de novembro, o Brasil expressou apoio a uma iniciativa dos EUA, conhecida como Clean Network, para criar uma aliança global que exclua a tecnologia chinesa 5G, por meio de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

O Ministério das Comunicações, que é o responsável pela telefonia móvel no país, não assinou o comunicado.

O apoio brasileiro à iniciativa americana não significa que a Huawei esteja impedia de vender seus produtos no Brasil. O leilão do 5G no Brasil está marcado para 2021, e as regras ainda não foram definidas.

Além disso, a Huawei não é uma operadora de telecomunicações – que de fato concorrem no leilão –, mas uma fornecedora de equipamentos. A empresa chinesa está há mais de 20 anos no Brasil e seus equipamentos representam de 35% a 40% dos que são empregados na redes 3G e 4G no país, segundo estimativas do mercado.

As operadoras de telecomunicações do Brasil já deram sinais de que não pretendem abrir mão dos equipamentos da Huawei.

AS/ots

Por Deutsche Welle

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