Política

CPI quebra sigilo fiscal de Barros e do advogado de Bolsonaro

Ricardo Barros, deputado federal (PP-PR), após depoimento à CPI (Marcos Oliveira/Agência Senado)

A CPI da Pandemia aprovou nesta quinta-feira (19/08) uma série de requerimentos de quebra de sigilo, incluindo o sigilo fiscal do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, e do advogado Frederick Wassef, que trabalha para a família Bolsonaro.

Barros foi apontado como mentor de supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin contra a covid-19, o que o levou a ser incluído na lista de investigados pela CPI na quarta-feira.

A comissão no Senado já havia determinado a quebra do sigilo fiscal do deputado a partir de 2018, mas agora estendeu esse período até 2016, incluindo assim o tempo em que ele foi ministro da Saúde durante o governo de Michel Temer.

O parlamentar foi implicado em outra suspeita de irregularidades quando estava à frente da pasta. Em 2018, o Ministério Público Federal instaurou uma ação de improbidade administrativa contra Barros pelo pagamento antecipado de R$ 20 milhões à empresa Global Gestão de Saúde por medicamentos que não foram entregues.

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Nesta quinta-feira, a CPI da Pandemia aprovou a quebra de sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático da Global, bem como ampliou o prazo de quebra do sigilo fiscal de seu sócio, Francisco Emerson Maximiano. O empresário é dono também da Precisa Medicamentos, que representava o laboratório indiano Bharat Biotech nas negociações suspeitas da Covaxin no Brasil.

Além disso, a comissão no Senado vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) informações sobre processos envolvendo Barros. Também foi aprovada a quebra do sigilo fiscal de 20 empresas que teriam ligações com o deputado.

Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro (Pedro França/Agência Senado)

Em relação a Frederick Wassef, a CPI aprovou a quebra de sigilo fiscal do advogado também nos últimos cinco anos. Os senadores buscam apurar se Wassef – que atua para o presidente Jair Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) – teve envolvimento no processo de compras de vacinas pelo governo federal.

Outros requerimentos aprovados

Outra figura ligada ao presidente que teve seu sigilo bancário e fiscal quebrado foi o blogueiro Allan dos Santos. Apoiador de Bolsonaro, ele é fundador do blog Terça Livre e dono de um canal no YouTube com o mesmo nome.

O blogueiro é alvo de dois inquéritos no STF, um sobre a disseminação de fake news e outro sobre financiamento de atos antidemocráticos, e na quarta-feira foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por proferir ameaças contra Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao todo, os senadores aprovaram nesta quinta-feira 187 requerimentos de quebra de sigilo, solicitações de relatórios de inteligência ao Coaf e convocações para depor.

Esses pedidos visam apurar, além de suspeitas na aquisição de vacinas pelo governo, também o uso de hospitais federais do Rio de Janeiro para desvio de verbas, bem como o financiamento e a divulgação de notícias falsas sobre a pandemia de covid-19. Vários canais de apoio a Bolsonaro tiveram seu sigilo quebrado.

Segundo o jornal O Globo, essa deve ser a última leva de requerimentos feita pela CPI, que tem previsão de encerrar seus trabalhos no próximo mês.

Por Deutsche Welle
ek (ots)

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