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Laudo revela origem de ossadas encontradas em obra

Por Maria Teresa Cruz e Paloma Vasconcelos

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Laudo revela origem de ossadas encontradas em obra 14

Laudo emitido pelo IML aponta que ossada é compatível com ‘animal mamífero de médio porte’; Polícia Civil investigava o caso a partir de denúncia anônima

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Ossada encontrada na escavação do terreno; imagem foi anexada aos autos do processo | Foto: reprodução

Um laudo emitido pelo IML (Instituto Médico Legal) aponta que ossadas encontradas em um canteiro de obras da construtora UNIQ, na Rua Abílio Soares, número 1.149, no Paraíso, zona sul da cidade de São Paulo, são de animais.

“O laudo necroscópico antropológico, emitido em 13 de dezembro, concluiu ossada é compatível com animal mamífero de médio porte e jovem com características diversas das da espécie humana”, diz nota enviada pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).

O caso veio à tona depois de uma denúncia anônima recebida pela Polícia Civil que afirmava que funcionários de uma obra de prédios residenciais, feita pela construtora UNIQ, escavavam o local quando encontraram pelo menos seis ossadas.

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A partir daí, a Delegacia Seccional de Diadema (Grande SP) abriu um inquérito para investigar os fatos em 7 de novembro. Mais duas empresas foram citadas no documento, Top Solo Fundações e Líder.

O local da construção do empreendimento fica a 150 metros da sede do antigo Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna), local em que integrantes da ditadura militar torturaram presos políticos. Hoje o 36º DP (Paraíso) funciona neste prédio.

O relato da denúncia era de que os corpos estavam cobertos por um pó branco que seria similar à cal, usado para amenizar o cheiro, e apresentavam “orifícios provocados por disparos de arma de fogo”. Testemunhas tiraram fotos para registrar o ocorrido.

Na denúncia, também havia a informação de que as imagens foram mostradas ao responsável pela obra que teria então feito uma reunião com “diretores e engenheiros” da UNIQ. A decisão foi que a obra seria tocada “por estarem com prazos encurtados e por se tratar de final de ano”.

Ainda, de acordo com a denúncia anônima, a ordem superior teria sido desovar os ossos em uma área em Carapicuíba, na Grande São Paulo. O documento afirma que um funcionário confirmou a ordem de juntar as partes que seriam humanas na terra e entulho da obra e descartá-los na Lagoa de Carapicuíba, na Avenida Consolação, 505, do município. Nada disso se confirmou, segundo a SSP.

A reportagem esteve no local da construção no último sábado (14/12) e constatou que as obras continuavam normalmente. A única vez em que a obra parou foi em 5 de dezembro, quando a defesa da UNIQ informou que achou mais um osso e que “nesses termos, requer que seja imediatamente oficiado o Instituto de Criminalística para que, com urgência, retire o osso e realize perícia, permitindo, assim, a continuidade da obra”. No dia seguinte, segundo o inquérito, a ossada foi retirada do local e a obra voltou a funcionar normalmente.

*Reportagem publicada originalmente pela Ponte.

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