Primeiras doses da Coronavac chegam a São Paulo
O governo do estado de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (19/11) o primeiro lote da vacina Coronavac, com 120 mil doses, vindo da China.
A chegada do lote ao aeroporto de Guarulhos foi acompanhada pelo governador João Doria, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchtey.
O governo de São Paulo fechou acordo com a empresa chinesa Sinovac, fabricante da vacina, para a produção de 46 milhões de doses e para transferência de tecnologia ao Butantan, que é parceiro nos testes clínicos de fase 3 que estão sendo feitos no Brasil.
O acordo prevê a entrega de 6 milhões de doses até o fim do ano e a produção no Brasil de mais 40 milhões de doses.
Prontas para uso em janeiro
Nesta terça-feira, o Butantan havia comunicado que receberia as primeiras doses esta semana e, até o fim de novembro, a matéria-prima para produção local.
“Receberemos ainda neste mês uma quantidade inicial de 600 litros de matéria-prima para iniciar a produção aqui no Butantan. Tudo caminha para que rapidamente tenhamos 46 milhões de doses de vacinas prontas para uso já em janeiro”, afirmou Dimas Covas.
A aplicação da vacina só poderá ocorrer após aprovação pela Anvisa, o que, por sua vez, depende da conclusão da terceira fase de testes clínicos, em andamento.
Eficácia elevada
Um estudo publicado nesta terça-feira na revista científica The Lancet Infectious Diseases afirma que a Coronavac produziu, depois de 28 dias, anticorpos em 97% dos voluntários saudáveis testadose é segura.
Os dados do estudo são da primeira e da segunda fases de testes clínicos. A terceira fase ainda não foi concluída.
Os resultados são provenientes de testes clínicos feitos na China em abril e maio, com 744 voluntários saudáveis entre os 18 e 59 anos, e revelaram que as respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina com 14 dias de intervalo.
Disputa entre Bolsonaro e Doria
A Coronavac está no centro de uma disputa política entre Doria e o presidente Jair Bolsonaro.
Em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção do governo federal de comprar 46 milhões de doses da vacina chinesa. Porém, algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou o ministro e vetou a compra da Coronavac.
A recusa contrasta com um outro acordo – firmado pelo governo federal com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca – para a compra de 100 milhões de doses da vacina britânica, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de testes clínicos que a da Sinovac.
Na semana passada, Bolsonaro elevou ainda mais a polêmica em torno da vacina ao declarar vitória após a suspensão dos testes da Coronavac depois da morte de um voluntário. “Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Doria queria obrigar o povo paulista a tomar”, escreveu Bolsonaro nas redes sociais.
A posição do presidente gerou várias críticas de políticos e de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante e de festejar a morte de uma pessoa.
A Anvisa autorizou a retomada dos testes no Brasil após as autoridades terem concluído que o óbito não estava relacionado com a vacina.
Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu na semana passada a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a um preço que considere adequado.
AS/lusa/ots
Por Deutsche Welle