Política

Bolsonaro reconhece Joe Biden como presidente eleito dos EUA

Mais de um mês após a vitória de Joe Biden, Jair Bolsonaro finalmente reconheceu nesta terça-feira (15/12) o democrata como presidente eleito dos Estados Unidos.

Aliado e fã declarado do republicano Donald Trump, o brasileiro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer o resultado das eleições americanas, que apontou a vitória de Biden em 7 de novembro.

“Saudações ao presidente Joe Biden, com meus melhores votos e a esperança de que os EUA sigam sendo ‘a terra dos livres e o lar dos corajosos'”, escreveu Bolsonaro no Twitter, fazendo uma referência a um trecho do hino nacional dos Estados Unidos.

“Estarei pronto a trabalhar com o novo governo e dar continuidade à construção de uma aliança Brasil-EUA, na defesa da soberania, da democracia e da liberdade em todo o mundo, assim como na integração econômico-comercial em benefício dos nossos povos”, completou o brasileiro, reproduzindo o conteúdo de uma nota divulgada pelo Itamaraty.

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Em entrevista à TV Bandeirantes no mesmo dia, Bolsonaro afirmou que estava esperando os delegados do Colégio Eleitoral dos EUA confirmarem a vitória de Biden, o que ocorreu na segunda-feira. A decisão contrastou com a maioria dos líderes mundiais, entre eles a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o premiê do Reino Unido, Boris Johnson, que cumprimentaram Biden pela vitória pouco depois de o resultado ter sido projetado.

Além de Bolsonaro, apenas um punhado de líderes mundiais, como o russo Vladimir Putin e o mexicano Manuel López Obrador, vinha evitando reconhecer o democrata como presidente eleito. López e Putin acabaram por enviar seus cumprimentos mais cedo, deixando Bolsonaro apenas em companhia do ditador norte-coreano Kim Jong-un.

Diferentemente de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ,  se manifestou sobre a vitória de Biden já no dia em que o resultado foi projetado.

Na entrevista à Band, Bolsonaro, que instruiu seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a dar prosseguimento a uma comunicação oficial do reconhecimento do governo brasileiro ao democrata.  “Da minha parte, e da parte dele com toda certeza, o americano é pragmático, nós vamos fazer um trabalho de cada vez mais aproximação”, disse Bolsonaro.

Um reconhecimento a contragosto

Nas semanas que antecederam a eleição americana, no início de novembro, Bolsonaro – que implementou uma política externa personalista que alinhou seu governo fortemente a Donald Trump – disse em diversas oportunidades que estava torcendo pela vitória do republicano. A atitude contrastou com seus antecessores, que evitaram se posicionar sobre assuntos internos dos EUA.

Ele ainda endossou a narrativa de Trump de que o pleito que marcou a derrota republicana foi marcado por fraudes, uma acusação que não encontrou nenhum respaldo jurídico. Trump continua evitando reconhecer a derrota e lançou uma ofensiva jurídica para tentar reverter o resultado, até agora sem sucesso.

“A imprensa não divulga, mas eu tenho minhas fontes de informações, não adianta falar para vocês, não vão divulgar. Mas realmente teve muita fraude lá, isso ninguém discute”, disse Bolsonaro, no final de novembro.

Dias após o anúncio da vitória de Biden, Bolsonaro ainda insinuou que poderia recorrer à força militar para driblar eventuais sanções econômicas impostas pelo futuro governo Joe Biden em resposta ao desmatamento desenfreado da Amazônia.

No fim de setembro, o então candidato Biden, durante um debate com o republicano Donald Trump, citou a questão ambiental no Brasil e disse que contemplava organizar um fundo internacional de 20 bilhões de dólares  para ajudar o país sul-americano a proteger a Amazônia. No entanto, Biden advertiu que, se mesmo assim os brasileiros persistirem com o desmatamento, o Brasil poderá vir a sofrer consequências econômicas, sinalizando possíveis retaliações ou sanções. “Parem de destruir a floresta. E, se vocês não pararem, irão enfrentar consequências econômicas significativas”, disse Biden.

O antagonismo com Biden se refletiu em redes ligadas à família Bolsonaro, que espalharam uma versão “exportação” da narrativa de Trump sobre supostas fraudes. Várias dessas contas espalharam versões fantasiosas sobre Trump ter truques guardados para reverter o resultado nos tribunais, como forma de mobilizar a base bolsonarista.

O ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro, Ernesto Araújo, outro fã declarado de Trump, também passou semanas evitando fazer qualquer comentário sobre a derrota do republicano. Em 2017, Araújo escreveu um artigo intitulado “Trump e o Ocidente”, no qual teceu loas ao mandatário americano, apontando que o via como uma espécie de cruzado que poderia resgatar o Ocidente.

“Os Estados Unidos iam entrando no barco da decadência ocidental, entregando-se ao niilismo, pela desidentificação de si mesmo, pela desaculturação, pela substituição da história viva pelos valores abstratos, absolutos, inquestionáveis. Iam entrando, até Trump”, escreveu Araújo.

JPS/ots

Por Deutsche Welle

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