Casos de Covid-19 crescem entre jovens e Itália fecha boates
A Itália anunciou neste domingo (16/08) que decidiu fechar suas discotecas e clubes e tornar obrigatório o uso de máscaras em espaços abertos durante a noite, na primeira reimposição de medidas de contenção contra o coronavírus no país europeu desde sua reabertura.
A decisão ocorre num momento em que os casos de covid-19 voltaram a crescer na Itália – primeiro país europeu a ser duramente atingido pela crise –, especialmente entre os mais jovens.
O número de novas infecções reportadas ao longo da última semana em território italiano foi mais que o dobro das cifras registradas há três semanas. A idade média dos novos infectados caiu para menos de 40 anos, segundo revelam dados oficiais.
As novas regras entram em vigor nesta segunda-feira e valerão por pelo menos três semanas, até o início de setembro. As máscaras serão obrigatórias entre 18h e 6h da manhã, em locais ao livre próximos a bares e pubs e onde aglomerações são mais prováveis.
“Não podemos anular os sacrifícios feitos nos últimos meses. Nossa prioridade precisa ser a reabertura das escolas em setembro, em segurança total”, afirmou o ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza, no Facebook.
No sábado, Speranza pediu aos jovens que mantenham o máximo de cautela possível, já que, “se eles infectarem seus pais e avós, correm o risco de causar danos reais”.
O anúncio da nova medida coincide com o feriado italiano chamado Ferragosto, em que muitos costumam viajar, ir à praia e sair para dançar. Nos últimos dias, jornais italianos publicaram imagens de multidões de jovens celebrando o feriado em discotecas ao ar livre.
A Itália vinha mantendo abertos seus clubes, apesar das crescentes críticas de que eles atraem grandes aglomerações, que o distanciamento social não está sendo respeitado nesses locais e que máscaras não estão sendo usadas.
Algumas regiões italianas, como a Calábria, já ordenaram o fechamento de todos os seus clubes de dança, enquanto outras, como a Sardenha, os mantiveram abertos.
A indústria tem receitas anuais de 4 bilhões de euros e emprega quase 50 mil pessoas em 3 mil clubes em todo o país, segundo o sindicato Silb, que representa empresas do setor e pediu ajuda ao governo. O ministro italiano da Indústria, Stefano Patuanelli, reconheceu que haverá danos econômicos com o fechamento dos clubes, mas disse que não via outra alternativa.
A Itália vem registrando nos últimos dias os maiores números diários de casos de covid-19 desde maio. No sábado, foram 629 infecções, marcando o terceiro dia consecutivo com mais de 500 casos diários. Já neste domingo, o país registrou 479 novas ocorrências.
Desde o início da epidemia no país, no final de fevereiro, mais de 253 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus e mais de 35 mil morreram devido à doença.
Espanha também fecha clubes
A reimposição de medidas de contenção na Itália segue decisões semelhantes tomadas por outros países europeus, que também registram um ressurgimento do vírus.
Neste domingo, entraram em vigor novas restrições em duas regiões da Espanha, que incluem também o fechamento de discotecas e uma proibição parcial de fumar ao ar livre.
A pequena região vinícola de La Rioja, no norte, e a região de Múrcia, no sudeste, se tornaram as primeiras do país a implementar uma série de novas medidas anunciadas na sexta-feira pelo ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, e que serão aplicadas em todo o país.
As medidas incluem o fechamento de todas as discotecas, clubes de dança e casas noturnas, enquanto restaurantes e bares só poderão funcionar até 1h da manhã, sendo proibida a admissão de novos clientes depois da meia-noite.
As visitas em lares de idosos também foram limitadas, e fumar ao ar livre em locais públicos está proibido quando uma distância de dois metros não pode ser mantida. O veto ao fumo na ruas já estava em vigor em duas das 17 regiões autônomas da Espanha, Galícia e Ilhas Canárias.
Espera-se que os governos regionais restantes comecem a implementar as novas medidas nos próximos dias.
A Espanha foi outro país europeu duramente atingido pela pandemia de coronavírus. Ao todo, mais de 342 mil pessoas foram infectadas e 28 mil morreram em decorrência da doença.
EK/rtr/afp/ap/ots
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