Com denúncia de desvio de vacinas, Manaus suspende vacinação
A vacinação contra a covid-19 foi suspensa temporariamente em Manaus nesta quinta-feira (21/01). Segundo a prefeitura e a Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, a paralisação ocorre para redefinição das prioridades dentro do grupo que deve receber as primeiras doses do imunizante enviadas pelo governo federal.
De acordo com as autoridades, a vacinação deve ser retomada na sexta-feira, após a reformulação dos critérios de prioridade para a imunização, que deve focar em profissionais de saúde expostos à covid-19. A cidade teria recebido doses suficientes para vacinar apenas 34% dos profissionais da área.
A prefeitura afirmou ainda que a suspensão atende a recomendação de órgãos de controle locais, que solicitaram ao governo estadual a reorganização do plano de distribuição da vacina “com os critérios de definição de prioridades, baseados na exposição ao risco, comorbidades e faixa etária”.
O Amazonas recebeu 282.320 doses da Coronavac. Como são necessárias duas dose do imunizante para garantir a proteção contra o coronavírus, inicialmente o estado previa a vacinação de 100.642 indígenas; 29.361 profissionais de saúde; 400 idosos com mais de 60 anos que vivem em abrigos e 60 portadores de necessidades especiais também institucionalizados.
Do total de doses recebidas, 13.046 fazem parte da chamada “reserva técnica”, criada devido à possibilidade de perda do material em acidentes ou de contaminação.
Denúncias de irregularidades
A suspensão ocorre em meio a uma investigação do Ministério Público (MP) sobre supostas irregularidades na aplicação de doses. Diversas fotos de parentes de empresários locais ou de pessoas próximas a políticos sendo vacinadas foram postadas nas redes sociais. As imagens levantaram as suspeitas de que a fila da vacina estaria sendo furada.
Um dos casos que mais chamou atenção foi o de duas irmãs recém-formadas em medicina que são parentes de um importante empresário local. A prefeitura nega irregularidades e alega que as jovens atuam em plantões de uma unidade de saúde, embora tenham sido nomeadas apenas nesta semana, junto com o início da imunização.
Depois da polêmica, o prefeito de Manaus, David Almeida, decidiu proibir a publicação de fotos da vacinação em redes sociais. “Se você se vacinou, fique para você. Você não precisa compartilhar na rede social. Essa é a determinação, esse é o pedido”, disse.
Nos dois primeiros dias de vacinação, 1.140 profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a covid-19 receberam a primeira dose da Coronavac, segundo a prefeitura.
Caos na saúde
Manaus enfrenta um colapso em seu sistema de saúde em meio a uma explosão de casos de covid-19. A falta de oxigênio medicinal provocou a morte de vários pacientes e obrigou a remoção de dezenas para outros estados.
Assim como Manaus, várias cidades do interior do estado enfrentam escassez de oxigênio nos hospitais. Em Parintins, a cerca de 470 quilômetros da capital, a prefeitura comprou equipamentos da Alemanha para montar uma usina de oxigênio, que terá capacidade para atender até 80 leitos. A estrutura será montada no único hospital público da cidade, Jofre Cohen.
Em meio à crise dramática e após uma série de mortes, o Amazonas começou a receber cilindros de oxigênio de fora do estado e até do exterior. Na terça-feira, cinco caminhões com oxigênio doado pela Venezuela chegaram a Manaus, carregando mais de 107 mil metros cúbicos do gás.
O Amazonas demanda atualmente cerca de 76 mil metros cúbicos de oxigênio hospitalar por dia, mas as empresas não conseguem produzir mais de 28.200 metros cúbicos diariamente.
Por Deutsche Welle
CN/ots