Estado quer cobrar PMs por sumiço de armas da Rota
As 31 pistolas foram furtadas dentro do quartel em 2013, mas ninguém foi responsabilizado; armas foram parar no arsenal do PCC
Há quatro anos, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo tenta recuperar na Justiça o valor de 31 pistolas automáticas furtadas de dentro do setor de armas da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa mais letal da Polícia Militar de São Paulo.
Ninguém foi responsabilizado pelo furto, ocorrido em 2013. Três anos depois, em 26 de agosto de 2016, a 9ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça instaurou um processo, a pedido da procuradora do Estado Martina Luísa Kollender, contra 11 PMs e um hoje ex-policial que eram responsáveis pelo funcionamento da Reserva de Armas do quartel.
Se a Justiça concluir que os 12 réus foram omissos ao não adotar as cautelas adequadas para evitar os furtos, eles serão condenados a pagar ao Estado, em valores atualizados, um total de R$ 57.970,86. Como o processo está em andamento, o valor ainda pode aumentar.
Segundo policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pesso), as armas da Rota foram vendidas para criminosos e reforçaram o arsenal da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um Inquérito Policial Militar apontou que o armeiro e soldado da PM Emerson Washington Gomes teria vendido as armas, mas ele foi absolvido. Gomes pediu baixa da corporação e é ex-PM. Os outros 11 policiais militares foram investigados por falta disciplinar.
O destino das armas da Rota
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Uma das armas furtadas, uma pistola modelo 24/7, número SDM 115558, foi utilizada por Everaldo Severino da Silva Félix, o Sem Fronteira, líder do PCC na favela de Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo, para matar o soldado da PM Genivaldo Carvalho Pereira, em 21 de março de 2013. Ele tinha uma namorada em Paraisópolis. À época, o irmão dela estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Jundiaí (Grande SP).
As investigações da 3ª Delegacia de Homicídios do DHPP apontaram que Sem Fronteira descobriu que Pereira era policial militar e desconfiou que ele frequentava a favela para investigar o tráfico de drogas.
Os investigadores apuraram que Sem Fronteira abordou, dominou e agrediu o soldado. Depois mandou que os três parceiros que estavam com ele algemassem o policial militar.
O líder do PCC na Paraisópolis, então, exigiu que o soldado Pereira se ajoelhasse. Em seguida ordenou que cada um de seus parceiros atirasse na cabeça de Pereira. O corpo do policial e a farda dele foram colocados no porta-malas de um carro que o soldado havia emprestado de um amigo, também policial militar. O veículo foi abandonado na rua Luciano Silva, na Vila das Belezas.
Sem Fronteira acabou preso por tráfico de drogas em maio de 2014 e saiu da prisão, em liberdade condicional, em novembro de 2016. Em agosto de 2018, voltou a ser preso, dessa vez acusado de ter ordenado a morte da policial militar Juliane dos Santos Duarte, em agosto de 2018, também em Paraisópolis. Ele está recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
O presídio é dominado pelo PCC desde 2006 e, até fevereiro do ano passado, abrigava os principais líderes da facção criminosa, hoje cumprindo pena em presídios federais.
Das 31 pistolas automáticas furtadas do quartel da Rota, até hoje apenas uma foi apreendida: aquela utilizada pela quadrilha de Sem Fronteira para matar o soldado Pereira. As demais foram parar nas mãos de outros criminosos do PCC, segundo policiais do DHPP.
Por Josmar Jozino – Repórter da Ponte