Vídeo mostra travesti sendo espancada na Grande SP
Ana Caroline Leal, 23 anos, estava indo ao mercado quando foi brutalmente agredida por desconhecidos; “Me bateram até cansar”, disse à Ponte
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Era sábado de carnaval, por volta das 15h30, quando a garota de programa Ana Caroline Leal, 23 anos, saiu de sua casa para ir ao mercado que fica na rua Benedito Faria Marquês Filho, esquina com a Timóteo Umbriaco, Parque Maria Helena, no centro de Suzano, região metropolitana de SP. Antes de voltar para casa, porém, foi brutalmente espancada por dois homens que nunca tinha visto na vida.
Em entrevista à Ponte, a travesti Ana Caroline conta que ninguém a socorreu durante a agressão, mas pessoas que passavam na rua filmaram a cena. No vídeo, é possível ver um homem imobilizando a jovem enquanto o outro desfere golpes com uma madeira.
“Ainda bem que eu estou viva. É triste, mas a gente que é travesti passa por isso. Eu tenho o direito de ir e vir, não é porque eu sou travesti que tenho que ficar trancada em casa. Eu não sou bicho. Ninguém me socorreu, eles me bateram até cansar”, lamenta a jovem.
O homem que imobiliza a travesti a puxa pelo cabelo em determinado trecho do vídeo, enquanto o outro continua batendo com o pedaço de madeira. Ana Caroline grita “para” em desespero diversas vezes, enquanto é possível ouvir “vai morrer”.
Natural do Ceará, a jovem conta que não foi ao hospital nem na delegacia registrar a ocorrência porque perdeu os documentos. Sua mãe enviará a sua certidão de nascimento nesta segunda-feira (2/3) para que Ana Caroline possa refazer o documento de identidade.
Ana conta que a agressão começou de forma verbal. “Esses homens estavam na farmácia quando eu passei e começaram a fazer aquelas piadinhas, me chamando de João, de Antonio, aquela coisa que eles fazem com a gente que é travesti. Aí eu revidei, gritei de volta, discuti com ele. Mas segui meu caminho para o mercado. Na volta, quando estava abrindo o meu portão, eles começaram a xingar de novo e eu xinguei também”, relata.
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Depois, de verbal, a agressão passou a ser física. “Foi quando o cara pequeno veio em cima de mim e o outro apareceu com o pedaço de pau”, detalha.
A jovem se mudou neste domingo (1/3), mas conta que isso já estava previsto e nada tem a ver com a agressão. No dia que foi espancada, morava na casa que aparece nas imagens do vídeo, que tem o portão de alumínio. Ela vivia com outras mulheres trans.
“Só tinha uma menina em casa, ela estava nos fundos, não ouviu quando eu gritei. Nisso uma amiga chegou e a dona da casa chegou, eu estava no portão sem conseguir ficar em pé. Elas ligaram para a polícia nessa hora”, explica.
Segundo Ana, o seu ombro foi a parte mais machucada depois da agressão. Ela fez o tratamento em casa, com a ajuda das amigas.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Polícia Militar informou que recebeu um chamado para o local, mas quando a equipe chegou não encontrou nada. Na sequência, uma testemunha ligou novamente e avisou os policiais que tinha socorrido a vítima ao hospital.
“A viatura retornou e orientou sobre o registro do boletim de ocorrência na delegacia. Os policiais militares elaboraram o Boletim de Ocorrência dos fatos”, disse em nota a PM.
Por Paloma Vasconcelos – Repórter da Ponte